domingo, 16 de maio de 2021

 

Faço o possível para entender

Que acreditar é o que sustenta a alavanca

Tão enorme é o desejo de arriscar

Nem que invente outro caminho

Desenho o que acreditei ser o horizonte

À frente de todo caminho

Uma reta que corta e rejunta os corações

Remendo os paralelos

Desembocando na linha do Equador

No meridiano do pensamento mais profundo

Enquanto organizo as reflexões

Antes de abrir os olhos na manhã de domingo

 

Me escondo na possibilidade

De encontrar uma explicação

Cada interrogação entala na garganta

Sem saber por onde se vai com tanta pressa

Não sei dizer em que ponto chegamos

Nenhum ponto é distração

Me cobram filhos que ainda não tive

Segredos que não compartilho

Carro que ainda nem dirijo

O relógio tem ponteiros

Com segundos exigentes demais

Cobrando novidades que ainda não tenho

terça-feira, 20 de abril de 2021

 

Me perdi em algum jornal da CNN

As notícias são as mesmas de janeiro

Alguém sabe sair dessa reprise

E chegar até a próxima eleição?

Eu tento...

Mudo a programação

Me enfio em documentários acidentais

Entre bichos e bolos

As geleiras já descongelaram até a cerveja acabar

Sem motivos para brindar

Aglomerei garrafas na pia

E meu título nem saiu do lugar

domingo, 4 de outubro de 2020

 

Que dedicatória eu tenho instalada?

Por trás dos lábios milhares de expressões

Sem moldura

Mudas de silêncio

Nesse furacão intelectual

Fazendo a curva em cumprimentos de bom dia

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

 Vamos apagar 2020

Resetar de uma vez

Bem-vindo janeiro

Por que não chega logo?

Eu preparo os fogos

Faço confusão na praia

Te mostro o entardecer do Arpoador

Cronometro os segundos para fazer suspense com sua chegada

Será que você vem mesmo?

Eu prometo abraços

Brindo com champagne

Guardo a ceia para depois

Você vai gostar

Vem logo

Já não está dando para esperar

Você vem?

 

Tanta tempestade em copo cheio

Transborda

Quis tanto me aprofundar

Correr mais longe

Até chegar à borda

À bordo do meu navio

Tive que decidir

O que deixar para trás

Não é difícil a escolha

Difícil é começar

Escutar o som do vento

E se deixar guiar

Correr cada vez mais longe

Rodando até chegar aonde?

Eu abriria o mundo

Para descobrir as múltiplas camadas

Reconhecer o início de tudo

Achar o início do infinito

A ponta da linha que nos une

Não solta a minha mão

Onde posso me pendurar

Içar-me e resgatar-te

Para transbordar de novo de alegria

Já nem sei o que vim procurar

Só queria mergulhar mais fundo

Com você

E você sempre vem comigo

 

 

 

Lembro que tudo é poesia

Quando me deparo

Com as curvas

Virgulas na cidade

Cruzamentos

São encontros

Partes de mim

Lembranças por cada caminho

Até chegar de casa

E passar por onde também já foi casa

Me encontro nos caminhos

Novas jornadas