quinta-feira, 13 de julho de 2017



Os fonemas não fizeram sentido
A entonação era tão contraditória
Que os ouvidos se fecharam
Contradisse
Negou todo o contexto
Fitou os olhos no chão
Para interromper logo a conversa
No silêncio, concluiu o desfecho
Discordar é um ato de guerra
Quando sou capaz de escutar
Ouço as entrelinhas
Quando só quero ouvir
Concordo com a cabeça
No balançar que o balanço exerce quando a ideia toca
A palavra choca o pensamento todo
Chacoalhando, amplia o campo léxico
Ensinando o outro a dizer
O que se quer ouvir
Educados
Repetimos tudo
Como uma obra onipresente de conduta
Cabeças acenam a concordância
Para evocar o que não podia ser dito

segunda-feira, 10 de julho de 2017



Por entre os barracos
Barrancos
Por dentro do meio
Escada
Um degrau onde não cabe o pé
Não pode levar para longe
Não deu para ver o fim do topo
Onde o muro existe
No que construo entre mim e o outro


O sol ia tocando seus primeiros acordes
Com orquestra de passarinhos
Foi descortinando o véu de neblina
A ostentar o orvalho das pequeninas flores
Revelando no detalhe
O que a noite cobria
A cada momento ia conduzindo o olhar
Por entre as persianas
Cada raio foi tomando seu lugar
No acento vago, foi se esticando
Fazendo espaço no meio da bagunça
Cobriu os olhos de luz
Para encarar o dia
O sol veio desfilar sua alegria
À força
Pelo segundo raro entre uma respiração e a outra
Para se certificar que havia vida