quarta-feira, 18 de outubro de 2017

São dos teus olhos que eu mais tenho medo
De me aprofundar
Num piscar
Arriscar olhar
Para dentro de mim
E ver
Me ver
Fazendo planos
Seus olhos abrem
Uma infinidade
De Pensamentos

Janelas antes fechadas

quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Gosto de me perder
Olhar para os lados e ver a rua
Perceber como os olhares se evitam
Gosto de sentir o vento contra
Impondo seu respeito
Ao bagunçar o cabelo
E as folhas vão dançando uma coreografia única
Que se tivesse destino certo
Deixaria de perceber
A atenção entorta um pouco a visão
Mostrando as rachaduras nos muros
Maquiados de cores de grafite
Induzindo reflexões urbanas e declarações 
As promessas de amor em tempo recorde
De tudo o olhar capta
Quando não reconhece o caminho
Mostrando outra direção


quinta-feira, 13 de julho de 2017



Os fonemas não fizeram sentido
A entonação era tão contraditória
Que os ouvidos se fecharam
Contradisse
Negou todo o contexto
Fitou os olhos no chão
Para interromper logo a conversa
No silêncio, concluiu o desfecho
Discordar é um ato de guerra
Quando sou capaz de escutar
Ouço as entrelinhas
Quando só quero ouvir
Concordo com a cabeça
No balançar que o balanço exerce quando a ideia toca
A palavra choca o pensamento todo
Chacoalhando, amplia o campo léxico
Ensinando o outro a dizer
O que se quer ouvir
Educados
Repetimos tudo
Como uma obra onipresente de conduta
Cabeças acenam a concordância
Para evocar o que não podia ser dito

segunda-feira, 10 de julho de 2017



Por entre os barracos
Barrancos
Por dentro do meio
Escada
Um degrau onde não cabe o pé
Não pode levar para longe
Não deu para ver o fim do topo
Onde o muro existe
No que construo entre mim e o outro


O sol ia tocando seus primeiros acordes
Com orquestra de passarinhos
Foi descortinando o véu de neblina
A ostentar o orvalho das pequeninas flores
Revelando no detalhe
O que a noite cobria
A cada momento ia conduzindo o olhar
Por entre as persianas
Cada raio foi tomando seu lugar
No acento vago, foi se esticando
Fazendo espaço no meio da bagunça
Cobriu os olhos de luz
Para encarar o dia
O sol veio desfilar sua alegria
À força
Pelo segundo raro entre uma respiração e a outra
Para se certificar que havia vida