Que dedicatória eu tenho instalada?
Por trás dos lábios milhares de expressões
Sem moldura
Mudas de silêncio
Nesse furacão intelectual
Fazendo a curva em cumprimentos de bom dia
Vamos apagar 2020
Resetar de uma vez
Bem-vindo janeiro
Por que não chega logo?
Eu preparo os fogos
Faço confusão na praia
Te mostro o entardecer do Arpoador
Cronometro os segundos para fazer suspense com sua chegada
Será que você vem mesmo?
Eu prometo abraços
Brindo com champagne
Guardo a ceia para depois
Você vai gostar
Vem logo
Já não está dando para esperar
Você vem?
Tanta tempestade em copo cheio
Transborda
Quis tanto me aprofundar
Correr mais longe
Até chegar à borda
À bordo do meu navio
Tive que decidir
O que deixar para trás
Não é difícil a escolha
Difícil é começar
Escutar o som do vento
E se deixar guiar
Correr cada vez mais longe
Rodando até chegar aonde?
Eu abriria o mundo
Para descobrir as múltiplas camadas
Reconhecer o início de tudo
Achar o início do infinito
A ponta da linha que nos une
Não solta a minha mão
Onde posso me pendurar
Içar-me e resgatar-te
Para transbordar de novo de alegria
Já nem sei o que vim procurar
Só queria mergulhar mais fundo
Com você
E você sempre vem comigo
Agora te vejo melhor
Através dos seus olhos todo entendimento
Só nos restam essa metonímia
Expressão do olhar
E som sem ver os lábios
Concatenando a mais profunda comunicação
Nunca nos encontramos tantas vezes
Me esforço em capturar as dádivas desse momento
Não sei quando ver de novo
Pode ser amanhã ou quando o mundo desvirar do avesso
Me esqueço que não dá para me acostumar com o que temos neste
instante
Outras regras podem limitar nosso acesso
Te vejo entre vidros, telas e máscaras
Mas te vejo melhor