domingo, 15 de junho de 2008

Cada um que encontro pelo caminho

Sugere um aceno acanhado

Com um sorriso morno nos lábios paralíticos

Na nova moda,

As roupas amarelas saltam das vitrines

Parecem andar sozinhas

Sobre os ombros pálidos que transitam na calçada

Calçando sapatos cosmopolitas

Sapatilhas sem movimentos eruditos

Passeio à paisana

Disfarçada, desfilando de amarelo

Sento-me na cadeira dura e tomo um café amargo

Admiro a pressa que não compartilho

Acenderia um cigarro caso eu fumasse

Só para ter um motivo para estar ali

Dissimulando o ócio

Tremo em calafrio

O café não fez efeito

Devia ser solúvel

Talvez descafeinado

Não fosse o bastante

Não me aqueceu

Tenho memórias involuntárias
Visto o casaco que não me pertence
No bolso encontro uma foto
Nela não vejo nenhum conhecido
Mas teimo em pôr outros rostos envolvendo aquele sorriso