Cada um que encontro pelo caminho
Sugere um aceno acanhado
Com um sorriso morno nos lábios paralíticos
Na nova moda,
As roupas amarelas saltam das vitrines
Parecem andar sozinhas
Sobre os ombros pálidos que transitam na calçada
Calçando sapatos cosmopolitas
Sapatilhas sem movimentos eruditos
Passeio à paisana
Disfarçada, desfilando de amarelo
Sento-me na cadeira dura e tomo um café amargo
Admiro a pressa que não compartilho
Acenderia um cigarro caso eu fumasse
Só para ter um motivo para estar ali
Dissimulando o ócio
Tremo em calafrio
O café não fez efeito
Devia ser solúvel
Talvez descafeinado
Não fosse o bastante
Não me aqueceu
Tenho memórias involuntárias
Visto o casaco que não me pertence
No bolso encontro uma foto
Nela não vejo nenhum conhecido
Mas teimo em pôr outros rostos envolvendo aquele sorriso